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FALLEN

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Ele estava em completa lassidão.

Lúcifer, o tão prestigiado e temível Rei do Inferno, estava definitivamente de saco cheio. Persistia, no Sheol - modo como os celestes e infernais chamavam o que os reles mortais conheciam como Inferno - um estado em que a Estrela da Manhã descrevia como "um estado periclitante de marasmo", ocasionando em um cuidado extra para com Lúcifer por parte de seus leais servos. Contudo, os esforços dos infernais não bastaram: sobre seu suntuoso trono, um rolo de pergaminho jazia intacto. Seu conteúdo portava uma notícia até então não apenas assustadora, como também preocupante: O Arcanjo Sombrio havia, simplesmente, deixado o inferno como se pudesse dar ao luxo para tal atitude. Soava até mesmo vagamente picaresco e insensato o fato d'A Estrela da Manhã ter jogado tudo para o ar. Logo, todos os setenta e dois Duques Infernais, demônios de prestígio e da mais alta hierarquia, abaixo apenas de Lúcifer, não tardaram a organizar-se para tomar o poder. Uma verdadeira batalha foi travada, e para mantê-la, os Duques precisavam de mais almas. Assim, cada Duque enviou à Terra o seu próprio grupo de demônios que possuíam um simples objetivo: Arrecadar almas para que seu respectivo Duque ficasse mais e mais poderoso. A vasta quantidade de pactos selados e de demônios na Terra foi o estopim para a insatisfação dos Arcanjos.

Miguel, O Príncipe dos Anjos, jazia agora no trono de seu pai. Ansiava para que o sétimo dia pudesse chegar ao fim para que, então, seu pai despertasse de seu sono profundo - o qual ele iniciara logo após concluir seu trabalho da Criação. Apesar de estar em uma posição almejada por muitos, Miguel não suportava a ideia de cuidar dos Homens de Barro. Ver os demônios roubando-lhes as almas era algo que não poderia ser permitido. Ora, o que diria seu pai ao testemunhar tamanha barbárie? Assim, os demais arcanjos planejaram-se e viram que a única alternativa era enviar seus anjos para a Terra para que, enfim, pudessem não apenas procurar Lúcifer e mandá-lo de volta ao lugar a qual ele pertencia, como também para mandarem os demônios de volta ao inferno. Porém, algo muito pior do que a Guerra Civil do Sheol aconteceu.

A alma humana foi o maior presente do Criador a eles. Era dotada de incríveis poderes, e por isso os demônios gostavam tanto delas. Contudo, ela também emanava uma energia com um poder inacreditável. Os celestes e os infernais permaneceram por tanto tempo expostos a ela que eles, aos poucos, começaram a desenvolver sentimentos humanos. Tal fato os deixara em completo atordoamento, pois não sabiam como lidar com tantas emoções diferentes e seus respectivos efeitos. Não tardou para que ambas as espécies não apenas se apaixonassem pelos humanos, mas entre si também.

Mais e mais, a cada dia que passava, seus receptáculos - o corpo humano no qual celestes e infernais habitavam - geravam uma prole proibida, que nunca deveria existir. Ambos os lados - Céu e Inferno - não ficaram satisfeitos com a notícia. Isso gerou inúmeras expulsões e guerras. Anjos caíam e demônios ascendiam simplesmente por amarem, e seus filhos eram caçados e mortos brutalmente por ambos os lados. Anjos Caídos e Demônios Exilados não tinham mais esperança alguma.

Quinhentos anos se passaram, e com ele veio um cessar fogo almejado por muitos, tenso e que poderia encontrar seu fim com o menor dos casos. Aproveitando a chance, quatro pais - dois caídos e dois exilados - deixam suas diferenças de lado para aproveitar a oportunidade de paz momentânea: Uma escola - nomeada então de Ynstitut St. Stanislaus - para que seus filhos não apenas permanecessem protegidos, como também para que aprendam a se defender.

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